(imagem da Wikipédia)
Quem foi Luís Vaz de Camões?
Poeta português, filho
de Simão Vaz de Camões e de Ana de Sá e Macedo, Luís Vaz de Camões terá nascido
por volta de 1524/1525, não se sabe exatamente onde, e morreu a 10 de junho de
1580, em Lisboa. Pensa-se que estudou Literatura e Filosofia em Coimbra, tendo
tido como protetor o seu tio paterno, D. Bento de Camões, frade de Santa Cruz e
chanceler da Universidade. Tudo indica que pertencia à pequena nobreza.
Atribuem-se-lhe vários
desterros, sendo um para Ceuta, onde se bateu como soldado e em combate perdeu
o olho direito - perda referida na Canção Lembrança da Longa
Saudade - e outro para Constância, entre 1547 e 1550, obrigado,
diz-se, por ofensas a uma certa dama da corte.
Depois de regressado a
Lisboa, foi detido, em 1552, em consequência de uma rixa com um funcionário da
Corte, e preso na cadeia do Tronco. Saiu logo no ano seguinte, inteiramente
perdoado pelo agredido e pelo rei, conforme se lê numa carta enviada da Índia,
para onde partiu nesse mesmo ano, quer para mais facilmente obter perdão quer
para se libertar da vida lisboeta, que o não contentava.
Segundo alguns
autores, terá sido por essa altura que compôs o primeiro canto de Os Lusíadas.
Na Índia parece não
ter sido feliz. Goa dececionou-o, como se pode ler no soneto Cá nesta Babilónia donde mana. Tomou parte em
várias expedições militares e, numa delas, no Cabo Guardafui, escreveu uma das
mais belas canções: Junto dum seco, fero e estéril
monte. Viajou de seguida para Macau, onde exerceu o cargo de
provedor-mor de defuntos e ausentes, e escreveu, na gruta hoje reconhecida pelo
seu nome, mais seis Cantos do famoso poema épico.
Voltou a Goa,
naufragou na viagem na foz do Rio Mecom, mas salvou-se, nadando com um braço e
erguendo com o outro, acima das vagas, o manuscrito da imortal epopeia, facto
documentado no Canto X, 128. Nesse naufrágio viu morrer a sua
"Dinamene", rapariga chinesa que se lhe tinha afeiçoado. A esta fatídica
morte dedicou os famosos sonetos do ciclo Dinamene, entre os quais se
destaca Ah! Minha Dinamene! Assim deixaste.
Em Goa sofreu
caluniosas acusações, dolorosas perseguições e duros trabalhos, vindo Diogo do
Couto a encontrá-lo em Moçambique, em 1568, "tão pobre que comia de
amigos", trabalhando n'Os Lusíadas e
no seu Parnaso, "livro de muita erudição, doutrina e
filosofia", segundo o mesmo autor.
Em 1569, após 16 anos de desterro, regressou a Lisboa,
tendo os seus amigos pago as dívidas e comprado o passaporte. Só três anos mais
tarde conseguiu obter a publicação da primeira edição de Os Lusíadas, que lhe valeu de D. Sebastião, a quem
era dedicado, uma tença anual de 15 000 réis pelo prazo de três anos e renovado
pela última vez em 1582 a favor de sua mãe, que lhe sobreviveu.
Os últimos anos de
Camões foram amargurados pela doença e pela miséria. Reza a tradição que se não
morreu de fome foi devido à solicitude de um escravo Jau, trazido da Índia, que
ia de noite, sem o poeta saber, mendigar de porta em porta o pão do dia
seguinte.
O certo é que morreu a
10 de junho de 1580, sendo o seu enterro feito a expensas de uma instituição de
beneficência, a Companhia dos Cortesãos. Um fidalgo letrado seu amigo mandou
inscrever-lhe na campa rasa um epitáfio significativo: "Aqui jaz Luís de
Camões, príncipe dos poetas do seu tempo. Viveu pobre e miseravelmente, e assim
morreu."
Se a escassez de
documentos e os registos autobiográficos da sua obra ajudaram a construir uma
imagem lendária de poeta miserável, exilado e infeliz no amor, que foi exaltada
pelos românticos (Camões, o poeta maldito, vítima do destino, incompreendido,
abandonado pelo amor e solitário), uma outra faceta ressalta da sua vida.
Camões terá sido de facto um homem determinado, humanista, pensador, viajado,
aventureiro, experiente, que se deslumbrou com a descoberta de novos mundos e
de "Outro ser civilizacional".
Por isso, diz Jorge de
Sena: "Se pouco sabemos de Camões, biograficamente falando, tudo sabemos
da sua persona poética, já que não muitos poetas em qualquer tempo
transformaram a sua própria experiência e pensamento numa tal reveladora obra
de arte como a poesia de Camões é."
Texto retirado de https://www.infopedia.pt/$luis-de-camoes
(consultado em 11/06/2020)
Sem comentários:
Enviar um comentário