Roque
Ribeiro de Abranches Castelo Branco
1.º
Visconde de Midões
(1770-1844)
Por ocasião do Dia dos Direitos
Humanos, em Dezembro, ao evocarmos Roque Ribeiro de Abranches Castelo Branco,
1.º Visconde de Midões, prometemos regressar a este conterrâneo, cuja
importância transpôs, em muito, as fronteiras da sua vila natal. Agora,
reiniciadas que foram as aulas, impunha-se cumprirmos a promessa. Primeiro,
porque o ano passa num abrir e fechar de aulas, escrevemos, de olhos; segundo,
porque era uma forma de assinalarmos o 171.º aniversário do falecimento deste
ilustre midonense. A todos, votos de um excelente 3.º período!
Ilustração 1: Roque Ribeiro de Abranches Castelo Branco (1.º
Visconde de Midões)
Roque Ribeiro de Abranches Castelo
Branco, tal como consta do respectivo registo de baptismo, nasceu a 15 de Julho
de 1770, em Midões. Era filho de Luís Ribeiro de Abreu Castelo Branco,
fidalgo-cavaleiro da Casa Real, cavaleiro da Ordem de Cristo, familiar do Santo
Ofício, e de sua mulher, Teresa Leonor de Vasconcelos Sotomaior de Mendonça.
Ilustração 2: Registo de baptismo (Arquivo da Universidade de
Coimbra)
O pai possuía uma grande fortuna,
tendo sido na sua pessoa que se reuniu a chamada Casa do Ribeirinho ou dos
Abreus Abranches, no centro da vila de Midões.
Ilustração 3: Casa do Ribeirinho (Midões)
Apesar de sabermos que se formou em
Direito, na Universidade de Coimbra, o certo é que só nos foi possível
consultar o seu primeiro registo de matrícula, efectuado no dia 14 de Outubro
de 1788, na Faculdade de Filosofia.
Ilustração 4: Registo de matrícula na Universidade de Coimbra
(AUC)
Tomou parte activa na Revolução de
1820. Integrou a Junta Provincial do Governo Supremo do Reino, criada no Porto,
em 24 de Agosto de 1820, como vogal, representando a Beira. Dois anos depois,
foi eleito para as Cortes, pela Divisão Eleitoral de Arganil, com 4.859 votos.
Se esta acção, ao tempo, lhe valeu o título, por demais honroso, de «Benemérito da Pátria», já no governo de
D. Miguel foi causa de perseguição e confisco de bens.
Ilustração 5: Sequestro de bens (Arquivo Distrital de Viseu)
Reposta a ordem liberal, em 1833 foi
nomeado Prefeito da Beira. O primeiro, sublinhe-se. No ano a seguir, ascendeu
ao pariato, por outras palavras, tornou-se Par do Reino, o grau mais elevado
dos deputados de então. D. Maria II ainda lhe proporcionou um reconhecimento
maior ao agraciá-lo com o título de 1.º Visconde de Midões, por Carta Régia de
23 de Outubro de 1837. Para além de ser Senhor da Casa do Ribeirinho, em
Midões, era-o também das Casas do Aido, em Cabanas, Travanca de S. Tomé, Várzea
de Cavalos, Travanca de Lagos, Arganil, S. Martinho da Cortiça e Pombeiro.
Ilustração 6: Capela da antiga Casa do Aido (Cabanas)
A descendência de Roque Ribeiro de
Abranches Castelo Branco é anterior ao seu casamento, em 8 de Setembro de 1806,
com D. Rosa Inácia de Araújo e Azevedo, irmã do Conde da Barca. Com efeito,
deste matrimónio não houve geração. Por este motivo, os herdeiros do 1.º
Visconde de Midões foram filhos legitimados, como César Ribeiro de Abranches
Castelo Branco, 2.º Visconde de Midões. Mas isto poderá ser matéria de outras
exposições.
Ilustração 7: Casa das Quatro Estações (propriedade de César
Ribeiro de Abranches Castelo Branco, herdeiro, legitimado, do 1.º Visconde de
Midões)
Roque Ribeiro de Abranches Castelo
Branco faleceu, a 6 de Abril de 1844, na sua Casa do Aido, em Cabanas, «com a Santa Unção somente, por não dar
tempo para mais», como no-lo atesta o registo de óbito, sendo sepultado na
sua Capela de Travanca de S. Tomé.
Ilustração 8: Registo de óbito (Arquivo Distrital de Viseu)
Tal como nos foi dado ler no registo de óbito, que
digitalizámos, o 1.º Visconde de Midões está sepultado na sua Capela de
Travanca de S. Tomé. Até ao momento, contudo, ainda ninguém nos conseguiu
identificar, com exactidão, o local onde jazem os seus restos mortais. Na
verdade, colocam-se hipóteses várias, desde os túmulos situados na capela-mor
até ao chão do corpo central do edifício. Serás tu, aluno atento da nossa
escola e frequentador assíduo desta biblioteca, quem, finalmente, irá desvendar
o mistério? Muito te agradecíamos! Entretanto, podes tentar ler e transcrever
os diversos documentos digitalizados ao longo desta exposição.
Prometemos recompensar-te. Não
principescamente mas, como escreveria o nosso autor do mês de Março,
«viscondemente»!
Ilustração 9: Capela de Travanca de S. Tomé
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